12 de abril de 2008

#3












“Foi então que apareceu a raposa.
- Bom dia – disse a raposa.
- Bom dia – respondeu cortesmente o principezinho, que se voltou mas nada viu.
- Estou aqui – disse a voz -, debaixo da macieira...
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - És muito linda...
- Sou uma raposa – respondeu a raposa.
- Anda brincar comigo – propôs o principezinho. - Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo – respondeu a raposa. - Não tenho intimidade contigo.

(...)

- Que hei-de fazer? - perguntou o principezinho.
- Ao princípio, sentas-te ali na erva, um pouco longe de mim. Espreitar-te-ei pelo canto do olho e tu nada dirás. A linguagem é fonte de mal entendidos. Depois, dia-a-dia, vens sentar-te um bocadinho mais perto...

Foi assim que o principezinho passou a ter intimidade com a raposa. E, ao aproximar-se a hora da partida:
- Ah! - exclamou a raposa... - Vou chorar.
- A culpa é tua – respondeu o principezinho. - Eu não queria fazer-te mal, tu é que quiseste que tivesse intimidade contigo...
- Pois foi – concordou a raposa.
- Mas vais chorar! - observou o principezinho.
- Pois vou – respondeu a raposa.
- Então não lucraste nada!”

“O Principezinho”, Saint-Exupéry